Em uma mensagem enviada no grupo de WhatsApp, Anselmo Vasconcellos nos convidou a repensar algo tão simples e cotidiano quanto andar. Mas, como sempre, ele traz uma perspectiva que vai além do físico, conectando o corpo, a mente e o espírito em um movimento de transformação profunda.

“Ande rápido hoje, não porque você está com pressa, mas porque você valoriza o exercício para as pernas e o coração. Enquanto você anda, permita que seus pensamentos o visitem, mas não fiquem. Deixe que eles aconteçam, e você ficará surpreso com a rapidez com que eles se tornam positivos e cheios de ideias criativas.”

Esse chamado é muito mais do que um incentivo para exercitar o corpo. É uma ferramenta prática para lidar com aquilo que Anselmo chama de Vícios Emocionais – os padrões automáticos e repetitivos que insistem em nos acompanhar e nos prender.

Dentro de cada um de nós, existe uma força que transcende o conhecido, um espaço onde o amor não é apenas um sentimento fugaz, mas a própria consciência clara e pura. Essa essência é o que chamo de A Voz do Ver — uma forma de percepção que nos conecta com a energia vital das pessoas e das coisas ao nosso redor, rompendo os limites impostos pela razão.

Nosso cotidiano, moldado por hábitos sociais e culturais, nos prende a sentimentos que se tornam vícios emocionais: melancolia, tristeza, tédio. São padrões que se repetem, nos enredando em uma rotina emocional automatizada e nos afastando da nossa verdadeira essência. Mas A Voz do Ver nos convida a algo mais profundo: a enxergar além das barreiras do costume, a acessar a intuição como um guia para experimentar o amor como consciência.

Nos anos 70, minha jornada artística e de vida encontrou um divisor de águas. Fui profundamente impactado pelos grupos estrangeiros de vanguarda que estavam no Brasil, atuando no Rio de Janeiro, São Paulo e Ouro Preto. Naquele momento, a arte, mais do que expressão, era um projeto de utopia compartilhada, um caminho para a reinvenção pessoal e coletiva.

Tive a sorte de cruzar com grandes mestres, como os grupos da Oficina de São Paulo, liderados por José Celso Martinez Corrêa, e outros visionários que transformaram o Teatro Ipanema num templo de criação e inovação. Eles trouxeram para mim algo que moldaria não apenas minha visão artística, mas minha forma de viver.

Entre os muitos encontros significativos daquela época, um dos mais impactantes foi com os livros de Carlos Castaneda. Ele narra sua experiência com Don Juan Matus, um xamã tolteca cujos ensinamentos filosóficos e espirituais se enraizaram em minha vida. Don Juan falava sobre o Intento, uma força invisível, mas presente, que permeia todo o universo.